sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Feliz - 6

Carlos regressa quando o filme já acabou. Paulo, Celeste e Marcos esperam por ele já fora da sala. Todos lamentam que ele tenha perdido o fim do filme. Sim, mas teve de ser, diz ele, diarreia.
Ai, coitadinho, compadece-se a Celeste, e começa a contar a história da sua tia que durante anos sofreu de prisão de ventre até ao dia em que resolveu começar a beber água da torneira, o que lhe dava uma diarreias monumentais, mas aliviava bastante.
No carro, a caminho de casa, Carlos pode manter-se em silêncio enquanto Paulo lhe conta o resto do filme, mas, embora muito mais interessante do que a história de Celeste, ele não presta atenção. De todos os pensamentos que o atravessam, o mais notável é o que não tem. Sente-se completamente isento de culpa. Olha para Paulo e percebe que nada mudou, nem sequer o seu amor por ele. O que se passou na casa de banho parece parte do filme, não alterou nada na sua vida.
Outro sentimento que vem a seguir é uma sensação de liberdade, como se um peso se tivesse levantado de cima dele. Um peso que ele nem se tinha apercebido que existia.
Em casa estão ambos de excelente humor. Paulo diz que gostou do filme. Faz graças. Beija Carlos. Carlos responde. Fazem amor ali mesmo no chão da sala com uma intensidade inédita nos ultimos anos.
Depois já na cama, deitados a olhar o tecto, Paulo diz, temos de fazer isto mais vezes. Carlos concorda.

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